terça-feira, 27 de março de 2007

Essa dificuldade em me expressar, em me definir, em conseguir me enxergar entre todos estes escombros, é uma coisa mais do que comum na minha vida. Me agonia não conseguir exteriorizar o que penso e o que sinto. Às vezes consigo traduzir alguma coisa, mas na maioria das vezes essa é uma tarefa impossível. Como consigo ser tão racional e ao mesmo tempo tão displicente e apática? Agora, nesse exato momento em que escrevo tudo isto, não consigo de fato expressar tudo que estou pensando. Essa é uma das dificuldades que me faz querer ficar longe das pessoas. Nunca consigo dizer para elas o que penso. Então você começa a conversar comigo, e mesmo não confessando, acha que às vezes não consigo acompanhar sua linha de raciocínio por eu estar quieta ou apenas concordando com suas falas. Você se engana. Eu compreendo tudo o que você me fala, e sempre ou quase sempre tenho minhas opiniões formadas sobre os assuntos que você disseca comigo. O problema é saber e conseguir expor essas opiniões. Como eu não sei e não consigo expor, fico quieta, apenas admirando (e às vezes invejando) tua eloquência. Não conseguir falar me entristece e me deprime.

domingo, 25 de março de 2007

Início de segunda e de todos os outros dias

01:20 da manhã. Meu torrent baixando, Rush tocando no meu subwoofer novo, milhões de abas abertas no Firefox, bits e mais bits de música e informação. E mesmo com tudo isso, a única coisa que consigo pensar é em você. Já sinto sua falta, como se as quase 48 horas que passamos juntos não tivessem sido o suficiente para eu desfrutar de você. E não foram.
Te quero cada vez mais.

sexta-feira, 23 de março de 2007

um exagero feliz

Hoje estou tão feliz. Feliz por ter conseguido entender que minha existência não é tão essencial para as pessoas quanto é para mim; feliz por ter descoberto que nada nem ninguém nesse mundo será/é/jamais será tão sincero e honesto comigo quanto sou comigo mesma; feliz por finalmente conseguir entender que minha vida inteira depende apenas de mim e de minhas decisões, e que não importa o que façam para mim, serei/sou a única responsável por tudo que acontece comigo; feliz por ter percebido que não sou nem um pouco singular, única e especial quanto tento ostentar, e que jamais serei singular, única e especial como tento ostentar; feliz por ter minha vida baseada em regras que nunca compri e que sei que nunca cumprirei, regras estas que são fundamentais para minha estabilidade como ser humano; feliz por parar de tentar me entender, pelo menos até terminar esta postagem; feliz por conseguir enxergar o tamanho do estrago que faço comigo mesma cada vez que me forço a ser o que não sou, ou a estar com que não quero, ou a fazer o que não gosto, ou a dizer o que não penso; feliz por saber que tenho uma capacidade incrível de distorcer os fatos, e que esta mesma capacidade me faz ver as coisas como elas são de fato, ou seja, distorcidas; feliz por ser uma das poucas pessoas que conheço que se sente feliz por ser negativa e introspectiva; feliz por nunca estar satisfeita com nada; feliz por saber que enquanto eu viver, jamais conseguirei me livrar de mim mesma; e acima de tudo, feliz por fingir estar feliz por ter percebido tudo isto.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Esse dom que você tem de me fazer analisar uma situação pelo lado mais sensato e objetivo é algo novo e inédito para mim. Eu digo "dom", porque é praticamente impossível mudar minha opinião sobre um determinado assunto. E você consegue isso, mesmo com toda a minha teimosia e intransigência. Você me oferece um tipo de complemento que nunca desejei ter. Isso me assusta um pouco. Mas também me fascina.

Você diz que não se sente pronto para definir tudo isto. Eu entendo. Também não sei definir ainda. O que sei é que dormir e acordar do teu lado tem sido uma experiência única. Ouvir você falar sobre a sua vida, sobre tudo que contribuiu para que você se tornasse o que você é, me faz gostar de você cada vez mais.

Essa viagem, esse final de semana, essa madrugada tão intensa, tudo isto serviu para me encantar ainda mais.

Eu também te adoro.

terça-feira, 13 de março de 2007

Curvada a você

(Origem do nome deste blog e de todo o resto que se passa aqui dentro)

Você está inseguro e não está pronto, então isso significa que te quero.
Você está inutilizável e desinteressado, e para você procuro por conforto.
Por um milhão de vezes e um milhão de maneiras, tentarei mudar você.
Por um milhão de meses e um milhão de dias, tentarei te convencer.
Esperei por você e me ajustei por você, e estou acabada.
Me anulei por você e me possibilitei para você, e estou acabada.
Você está jovem demais ou velho demais, ou simplesmente não está inclinado.
Você está adormecido ou está negando ser o que minha intuição vê em você.
Por diversas vezes e diversas maneiras, tentarei espremer amor de você.
Por diversas horas e diversas maneiras, festejarei com os restos jogados por você.
Me curvei a você e me privei por você, e estou acabada.
Me deprimi por você e me contorci por você, e estou acabada.
Me reprimi por você e me comprometi por você, e estou acabada.
Me silenciei por você e me sacrifiquei por você, e estou acabada.
Não irá demorar muito até que eu esteja recuperada.
Não irá levar muito tempo, e estarei na estrada novamente.
Não será fácil nos separar.
Estou no fim do estágio de auto-privação.
Você está com medo de toda mulher, medo de seus próprios processos internos.
Você se intimida com a idéia de viver sob o mesmo teto que eu, Deus e todas as coisas.
Por um milhão de vezes e um milhão de maneiras, tentei mudar para combinar com você.
Por diversas vezes e por todos dias, tentei te esquecer.

(Alanis Morissette - Bent 4 U)

segunda-feira, 12 de março de 2007

Sentir

Te tocar é uma experiência nova para mim. Nunca encontrei alguém que correspondesse tão bem aos meus carinhos, ao meu toque, ao meu corpo. Você diz que minha espontaneidade te surpreende. Eu digo que sua sensibilidade me cativa e me atrai cada vez mais. O brilho que vejo nos seus olhos cada vez que nos tocamos, os espasmos de prazer que você tem sempre que é tocado em um lugar sensível e inesperado, os gemidos que você emite quando toco seu corpo com minha boca ou com minha língua, sua respiração ofegante, o jeito que seus cabelos caem sobre mim, os suspiros que você solta quando encaixo meu corpo ao seu... tudo isso me atrai e me envolve muito. Essa mistura de sentidos é tão nova para mim quanto para você.

"Me diz o que posso fazer para retribuir todo esse gesto de amor..."

Você já está fazendo...
Mais do que ninguém nunca desejou fazer.
Você me faz muito bem.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Não e pronto

Não sentir-se...
Não me sinto disposta a ouvir tuas mentiras
Não me sinto tentada a te acolher nos meus braços e na minha vida
Não me sinto cativada por tuas histórias e olhares complacentes
Não me sinto à vontade em estar perto de ti

Não ver-se...
Não me vejo te amando loucamente
Não me vejo sendo respeitada e valorizada por tudo que sou
Não me vejo sendo honesta comigo mesma
Não me vejo sendo tua âncora

Não querer-se...
Não me quero envolvida em teu charme fugaz
Não me quero sonhando com o inexistente
Não me quero esperando por teu reconhecimento
Não me quero implorando por tua atenção

Não fazer-se...
Não me faço de desentendida
Não me faço de vítima
Não me faço de difícil
Não me faço de "me ame se fores capaz"

quinta-feira, 1 de março de 2007

Lamento por mim mesma

Por escutar minhas dúvidas tão seletivamente.
Por continuar em meu torpor relutantemente.
Por ajudar você e a mim mesma sem ao menos ponderar.
Por me maltratar e me sobrecarregar de trabalho.

Para quem devo a maior desculpa?
Ninguém é tão cruel quanto tenho sido comigo mesma.

Por deixar você decidir se eu era de fato desejável.
Por meu amor próprio estar tão confusamente condicional.
Por negar a mim mesma a chance de nos fazer compatíveis.
Por tentar encaixar um retângulo num círculo.

Para quem devo a maior desculpa?
Ninguém é tão cruel quanto tenho sido comigo mesma.

Lamento por mim mesma,
Minhas desculpas começam aqui, antes das de todos os outros.
Lamento por mim mesma,
Por me tratar pior do que eu faria com qualquer outra pessoa.

Por me culpar por sua infelicidade.
Pela minha impaciência quando eu estava perfeita onde estava.
Por ignorar todos os sinais de que eu não estava pronta.
E por me obrigar a estar onde você queria que eu estivesse.

Para quem devo a primeira desculpa?
Ninguém é tão cruel quanto tenho sido comigo mesma.

Lamento por mim mesma,
Minhas desculpas começam aqui, antes das de todos os outros.
Lamento por mim mesma,
Por me tratar pior do que eu faria com qualquer outra pessoa.

E me pergunto qual é o maior crime...
Esquecer de você ou de mim mesma?
Prestei atenção à sabedoria ou ao atraso?
Eu teria naturalmente adorado a primeira opção.

Por ignorar vocês, minhas vozes intensas.
Por sorrir quando minha luta era tão óbvia.
Por estar tão desassociada ao meu corpo.
Por não deixar rolar quando essa era a melhor coisa a fazer.

Para quem devo a maior desculpa?
Ninguém é tão cruel quanto tenho sido comigo mesma.

Lamento por mim mesma,
Minhas desculpas começam aqui, antes das de todos os outros.
Lamento por mim mesma,
Por me tratar pior do que eu faria com qualquer outra pessoa.

(Alanis Morissette - Sorry to myself)