quarta-feira, 25 de abril de 2007
Mais do que tédio
Sempre quis ter a oportunidade de me relacionar com o belo, com o artístico, com o erudito e o intelectual. Essa oportunidade está bem aqui. E o que eu faço? Ignoro-a. Eu nunca vou me entender.
Me sinto tão pequena e mesquinha. Eu poderia ser plena, poderia estar aprendendo com esse momento, poderia estar fluindo. E o que eu faço? Me afundo cada vez mais em minha vontade de desertar de mim mesma. E é o que estou fazendo, dia após dia.
Gostaria de poder não respirar para nunca me acordar.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Esquadros
Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa,
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome nos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
(Adriana Calcanhoto)
quinta-feira, 19 de abril de 2007
O silêncio que anula
Flor Poliana
Entre um nariz quebrado e um sorriso falso
Entre piedade e pólvora
Entre brigar e fugir de cena
Entre assassinato e diplomacia
Entre agressão e esquecimento
Entre brutal e verdadeiramente bem comportada
Entre gritar e segurar as rédias
Entre andar nas pontas dos pés e perambular
O que estou fazendo com todo este fogo?
(gostaria de bater em você, mas nunca bateria)
Por que você continua comigo neste espaço vermelho?
(gostaria de esbofetear você, mas nunca esbofetearia)
Entre violência e estar silenciosamente incendiando de raiva
Entre meu punho e minha flor Poliana
Entre fuder você na sua cara e estar tudo bem
Entre guerra e negação
Entre atirar vasos e chorar secretamente
Entre soltar canhões e sempre estar deprimida
Entre os hematomas e discordar nobremente
Entre explodir e entrar em ebulição
O que estou fazendo com toda esta combustão?
(gostaria de machucar você, mas nunca machucaria)
Eu intimido você nesse lugar?
(gostaria de matar você, mas nunca mataria)
Entre violência e estar silenciosamente incendiando de raiva
Entre meu punho e minha flor Poliana
Entre fuder você na sua cara e estar tudo bem
Entre guerra e negação
O que estou fazendo com todo este fogo?
Você consegue me entender neste lugar?
sexta-feira, 13 de abril de 2007
São 02:45 da manhã. Já é Páscoa. Seria muito previsível escrever algo sobre esta data e o que ela significa ou deveria significar para as pessoas ou para mim. Mas, como você mesmo já percebeu, sou uma pessoa previsível. Desenhei um coelho da páscoa na minha agenda, que também uso como diário, e é onde rascunho todos estes pensamentos. Meu coelho ficou super engraçado e weird, como eu mesma defini. Ficou com uns pés grandes e com uma barriga que mais parece uma bola de futebol americano. Nunca vou entender a associação criada entre Jesus, coelhos e chocolates. Três coisas tão distintas e distantes entre si, cada uma com a sua importância no seu mundo. Seriam como nós dois? Temo que você conclua que sim.
Pensei ter ouvido alguém fazendo sexo no quarto ao lado. Digo "alguém", porque não é sempre que duas pessoas fazem sexo juntas. Às vezes, apenas uma delas faz, enquanto a outra se concentra em terminar logo, ou em nem começar. Mas me enganei. Não tem ninguém fazendo sexo, não. Pelo menos não naquele quarto. Porém, em outros lugares, sim. Nesse exato momento, enquanto escrevo essas coisas, alguém está soltando gemidos de prazer. E agora, nesse exato outro momento alguém goza, e um outro alguém suspira, e um outro alguém sussurra mentiras e promessas friamente elaboradas, e um outro alguém toma coragem e abre o coração. E é sempre assim. Bilhões de vidas simultâneas, cada uma com seu personagem principal. Não é à toa que exista tanto egoísmo, egocentrismo e tudo aquilo que envolve o ego humano.
Esse egoísmo também acontece com o passado das pessoas. Meu egoísmo me faz ter ciúmes, inveja e raiva das suas experiências com outras mulheres. Isso é insano, eu sei, mas não consigo evitar. Me afeta saber que você já tocou em outras do jeito que me toca, que você já sentiu e ainda sente coisas muito mais fortes do que as que você sente ou sentirá por mim. Me enraivece saber que sempre haverá algo que alguma outra fez melhor ou foi melhor pra você de um jeito que jamais serei ou farei. Mas o que realmente me dói é ter consciência de que esses sentimentos insanos são apenas mais uma prova da minha mentalidade fraca e do meu egoísmo agudo. Isso sim me enraivece muito.
Querer para si a posição mais alta possível na vida de alguém é ser muito presunçoso. A vontade e necessidade de ser a coisa mais importante, significativa, desejada, necessária, essencial e indiscutível na existência de alguém de quem se gosta ou se pretende gostar muito, é algo estranho, pretencioso e frustrante. Mas acima de tudo torturante. Não entendo como posso ser assim. Será que com o tempo esse tipo de imaturidade passa? Espero que sim. Mas, se tem uma coisa que realmente jamais entenderei é a associação criada entre Jesus, coelhos e chocolates.
Joni's moment
Rio
O Natal está chegando
Eles estão cortando as árvores,
Enfeitando-as com renas
E cantando canções de alegria e paz
Oh, gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
Mas, não neva aqui
Está tudo muito verde
Estou fazendo muito dinheiro
Então, estou parando com esta cena louca
Gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
Gostaria de ter um rio muito extenso
Eu iria ensinar meus pés a voar
Gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
Fiz meu amor chorar
Ele tentou me ajudar muito
Ele me facilitou tudo, sabe,
E me amou de forma tão ousada,
Fazendo tremer meus joelhos
Oh, gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
Sou tão difícil de lidar
Sou egoísta e estou triste
Agora, fugi e perdi o melhor amor
Que jamais tive
Oh, gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
Gostaria de ter um rio muito extenso
Eu iria ensinar meus pés a voar
Gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
Fiz meu amor dizer adeus
O Natal está chegando
Eles estão cortando as árvores,
Enfeitando-as com renas
E cantando canções de alegria e paz
Oh, gostaria de ter um rio
Onde eu pudesse patinar para longe
quinta-feira, 12 de abril de 2007
Bad taste
Nessas horas me arrependo de ser tão boa para as pessoas, de ser compreensiva, de tentar ajudar ao máximo. Eu odeio tudo isso.