sexta-feira, 13 de abril de 2007

Texto escrito em 08/04/2007

São 02:45 da manhã. Já é Páscoa. Seria muito previsível escrever algo sobre esta data e o que ela significa ou deveria significar para as pessoas ou para mim. Mas, como você mesmo já percebeu, sou uma pessoa previsível. Desenhei um coelho da páscoa na minha agenda, que também uso como diário, e é onde rascunho todos estes pensamentos. Meu coelho ficou super engraçado e weird, como eu mesma defini. Ficou com uns pés grandes e com uma barriga que mais parece uma bola de futebol americano. Nunca vou entender a associação criada entre Jesus, coelhos e chocolates. Três coisas tão distintas e distantes entre si, cada uma com a sua importância no seu mundo. Seriam como nós dois? Temo que você conclua que sim.

Pensei ter ouvido alguém fazendo sexo no quarto ao lado. Digo "alguém", porque não é sempre que duas pessoas fazem sexo juntas. Às vezes, apenas uma delas faz, enquanto a outra se concentra em terminar logo, ou em nem começar. Mas me enganei. Não tem ninguém fazendo sexo, não. Pelo menos não naquele quarto. Porém, em outros lugares, sim. Nesse exato momento, enquanto escrevo essas coisas, alguém está soltando gemidos de prazer. E agora, nesse exato outro momento alguém goza, e um outro alguém suspira, e um outro alguém sussurra mentiras e promessas friamente elaboradas, e um outro alguém toma coragem e abre o coração. E é sempre assim. Bilhões de vidas simultâneas, cada uma com seu personagem principal. Não é à toa que exista tanto egoísmo, egocentrismo e tudo aquilo que envolve o ego humano.

Esse egoísmo também acontece com o passado das pessoas. Meu egoísmo me faz ter ciúmes, inveja e raiva das suas experiências com outras mulheres. Isso é insano, eu sei, mas não consigo evitar. Me afeta saber que você já tocou em outras do jeito que me toca, que você já sentiu e ainda sente coisas muito mais fortes do que as que você sente ou sentirá por mim. Me enraivece saber que sempre haverá algo que alguma outra fez melhor ou foi melhor pra você de um jeito que jamais serei ou farei. Mas o que realmente me dói é ter consciência de que esses sentimentos insanos são apenas mais uma prova da minha mentalidade fraca e do meu egoísmo agudo. Isso sim me enraivece muito.

Querer para si a posição mais alta possível na vida de alguém é ser muito presunçoso. A vontade e necessidade de ser a coisa mais importante, significativa, desejada, necessária, essencial e indiscutível na existência de alguém de quem se gosta ou se pretende gostar muito, é algo estranho, pretencioso e frustrante. Mas acima de tudo torturante. Não entendo como posso ser assim. Será que com o tempo esse tipo de imaturidade passa? Espero que sim. Mas, se tem uma coisa que realmente jamais entenderei é a associação criada entre Jesus, coelhos e chocolates.

Nenhum comentário: