terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Conto sem fadas

Meus olhos não suportam o que vêem
Meus ouvidos não acreditam no que lhes é gritado
Meu cérebro não encontra lógica no que lhe é transmitido
E meu coração...
Meu coração bombeia indignação para todo o meu ser.
Estou apodrecendo, me decompondo por dentro.
Na verdade todos estão, mas preferem não perceber.
Ou fingem não perceber.
Sim, fingem... é menos desesperador.
É mais simples e cômodo culpar um pai, uma mãe
Ou amores perdidos, por uma lágrima escorrida.
É menos deprimente encarar um problema terreno
Como causa de uma tristeza incurável e desoladora.
É mais fácil e mais hipócrita.
Todos chamam de ciclo da vida
Aquilo que lhes acontece de ruim.
Todos dizem ser o rumo natural das coisas
O fato de ter suas vidas desgraçadas.
Todos nomeiam como "destino"
O que lhes é imposto sem motivo ou explicação.
Ninguém procura a essência - pelo menos sincera e profundamente - das coisas.
Talvez porque se a procurarem e a encontrarem,
Saberão que isto tudo é inútil e vão.
Descubrirão que nada é válido e certo,
E poderão, assim como eu, justificar
E validar suas ações (boas ou ruins),
Seus pensamentos (construtivos ou destrutivos),
Poderão regrar suas vidas
De acordo com o que essa "essência" rege.
Mas afinal, não é isso que já estão fazendo?
Sim...
E de forma pesarosamente letal,
Pois fundamentaram o material e destrutível: o dinheiro.
E nesse meio tempo,
As crianças morrem.
E nesse meio tempo,
As almas morrem.

(Sheyla Fernandes - 10/08/2003)

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