domingo, 25 de fevereiro de 2007

Explicando Sheyla

Devo me envergonhar por ter o que tenho entre minhas pernas? Ah, é? Por que? Será que é porque você se sente tão fatidicamente atraído pela minha essência (não por mim), que não encontra outra maneira de lidar com isso, exceto me difamar e me humilhar? Claro que essa difamação e humilhação só acontece na sua cabeça, pois sua ignorância não me afeta ao ponto de me magoar ou me humilhar, e sim ao ponto de me deixar com raiva e ódio de ti e de todos (e são muitos, homens e mulheres) iguais a ti. Tenho orgulho de mim, com todos os meus desejos, cheiros, órgãos, idéias e todo o resto que me faz ser o que sou. E você vem nos chamar (eu e todas as mulheres que se negam a aceitar os seus obsurdos) de vagabundas, putas e similares. Adoro quando você fala assim de nós. Adoro mesmo, querido tio, querido avô, querido "amigo", querido estranho, querido moço da TV, querido moço do rádio, querido colega de trabalho, querida avó amélia, querida tia submissa, querida mãe, querido pai. E depois dizem que eu é que vivo generalizando as coisas, rotulando tudo e todos, especialmente os homens e suas ações e ideías padronizadas e machistas. Não, não generalizo, apenas contabilizo. Isso já não é apenas machismo. Isso é a violação dos direitos que um ser humano tem de ser respeitado. Estou grávida desde os 14 anos. Estou com 21, agora. Me pergunto onde foi parar minha barriga. Por que será que não sinto o meu bebê? Acho que ele está morto, tão morto quanto minha fé na bondade e conscientização do ser humano, tão morto quanto a chance de você ser um verdadeiro ser. Nem se você nascesse de novo, isso seria possível. E você me rotula como feminista. Querido, se você não fosse tão ignorante, saberia de fato o que é ser feminista, mas nem isso você sabe. Mas eu te explico, meu pequeno anjo caído. Ser feminista é querer para o sexo feminino toda a superioridade e importância que você atribui ao que você tem no meio das suas pernas. Você entendeu agora? Me fiz clara? Certo. Agora vou te explicar o que eu defendo. Defendo a igualdade dos sexos, sem diferença nenhuma, exceto pelas diferenças orgânicas, fisiológicas e morfológicas. Mas você não sabe o que é isso, não é? Pra você sou apenas uma menininha que está querendo se passar por mulher, e que precisa mesmo é de um homem viril e "comedor" que bata na sua cara e segure suas rédias, como você faz com sua "mulher". Isso é tão arcáico e grotesco. E você me chama de "vulgar" por deixar bem claro que adoro fazer sexo. Mas você acha justo utilizar termos como "comer" e "dar". Eu não dou, querido. Eu faço sexo, eu compartilho meu corpo, eu divido momentos de prazer intenso, eu troco fluídos e acima de tudo, eu RECEBO tudo isto também. E ninguém me "come", não, pois não sou comida pra ser comida. Só gostaria de saber de onde tiraram essa expressão "comer".

Um comentário:

Marco Aurélio disse...

todos nós nos traímos em pensamento, querendo ou não. homens, mulheres.. todos em algum momento falam algo sem pensar que denigre alguém. um pouco por malícia, outro muito por inconseqüência. não desconsidero o que você disse. disse muito bem e é bom que, de vez em quando alguém aponte uma lanterna bem forte para dentro das ideologias ultrapassadas que nos submetemos a reproduzir inconscientes.