"Tudo que é forma de vida procuro afastar. Tento isolar-me para encontrar a vida em si mesma. No entanto apoiei-me demais no jogo que distrai e consola e quando dele me afasto, encontro-me bruscamente sem amparo. No momento em que fecho a porta atrás de mim, instantaneamente me desprendo das coisas. Tudo que foi distancia-se de mim, mergulhando lentamente nas minhas águas longínquas. Ouço-a, a queda. Desolada e sufocada espero por mim mesma, espero que lentamente me eleve e surja verdadeira diante dos meus olhos. Em vez de me obter com a fuga, vejo-me desemparada e solitária, jogada num cubículo sem dimensões, onde a luz e a sombra são fantasmas quietos. No meu interior encontro o silêncio procurado."
(Trecho de "Perto do coração selvagem", de Clarice Lispector, p.81)
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
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